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domingo, 17 de janeiro de 2010

Do livro Perdas & Ganhos


Lya Luft, escritora gaúcha, foi uma grande revelação do mercado editorial brasileiro em 2003, ao lançar Perdas & Ganhos, que permaneceu 119 semanas no topo das listas dos mais vendidos no Brasil.

Perdas & Ganhos é um livro que fala sobre os processos do amadurecimento, útil para ser lido em qualquer fase da vida (e relido!). Registro aqui uma passagem muito interessante desse livro, a fim de refletirmos sobre a vida.

"Nascemos com toda a carga genética física e psíquica. Mas não somos apenas isso. Somos em parte resultado do que foram nossos pais. Mas não somos apenas isso.

A sociedade em que vivemos tem muitos olhos e braços, que nos vigiam e interferem em nossa realidade. Um deles chama-se opinião alheia. Não a de algumas pessoas amadas e respeitadas, mas essa entidade informe, onipresente, quase onipotente "o que eles vão pensar". Sem pedir licença, entra em nossa consciência, limitando, podando.

Muito do que nos legaram pode ser reprogramado; somos frutos, mas não escravos; o olhar primordial que nos saudou não é necessariamente uma sentença de morte. Podemos - tarefa ingrata - fazer nossos acréscimos, escrever uma "errata" sobre o texto daquele prefácio de nós.

Mas quem nos dará sugestões, quem nos pode ajudar se somos também pré-formados, pré-fabricados e condicionados? Quem vai destramar esses fios, onde começamos nós e termina a influência de tantos?

Por isso somos buscantes, inquietos, naturalmente insatisfeitos. Não condenados: somos livres para muitas decisões.

Nossa visão imprecisa se define mais com o amadurecimento e reflexão. Forma-se o que chamamos personalidade, opinião própria, atitude. De mil maneiras mostraremos o lugar que pretendemos ocupar: pela escolha das nossas roupas, da profissão, do parceiro, de tudo.

Visão positiva, não cor-de-rosa ou irreal, significando confiança é o que deveríamos ter. Capacidade de alegria, busca de felicidade, crenças. O que de melhor posso fazer, como ser inteiro e feliz, dentro de minhas possibilidades - que geralmente extrapolam aquilo em que acreditamos ou nos fazem crer.

Autoestima me lembra o que dizia Erico Veríssimo: "Eu me amo, mas não me admiro".

Tem a ver com superar o confortável espírito de rebanho: formar e sustentar opiniões próprias. Não com viver desdenhosamente à margem, mas enfrentar o risco de algum isolamento. Não vender a alma a qualquer preço por qualque companhia, mas selecionar os amados eleitos, os amigos leais, os mestres e modelos sensatos. Até mesmo a profissão mais adequada, a que nos dê mais prazer, se é que podemos fazer essa escolha: temos de pegar qualquer atividade quando se trata de sobreviver.

Falar é fácil... eu sei.

Mudanças produzem ansiedade.

Tentar sair do emprego em que mal me pagam ou estou infeliz; enfrentar pai ou mãe opressivos; remper um relacionamento amoroso que me diminui ou esmaga; evitar um convívio em que um se anula para que o outro tripudie, num processo de servidão que gera ressentimento e culpa.

Sair do estabelecido e habitual, mesmo ruim, é sempre perturbador.

O desejo de ser mais livre é forte, o medo de sair da situação conhecida, por pior que ela seja, pode ser maior ainda. Para nos reorganizarmos precisamos nos desmontar, refazer esse enigma nosso e descobrir qual é, afinal, o projeto de cada um de nós". (Lya Luft)

Fonte: LUFT, L. Perdas & Ganhos. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2009.

Boa semana a todos!!!



2 comentários:

  1. Adorei. Não conheço o livro... mas tudas as mudanças são fonte de ansiedade, e o grande desafio da vida é conviver com ela e ter coragem de fazê-las. Bem, os florais dão uma ajuda né?!
    Beijinhos

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  2. Oi Ana!!!!
    Esse livro vale a pena conhecer! É mto bom mesmo!
    Com certeza os florais ajudam diante dos desafios da vida...
    Beijos!!!

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